Não adianta escrever

Anotação que é parte do acervo em exposição sobre o Renato Russo em cartaz no Museu de Imagem e Som – SP

 

A exposição do MIS mostra o lado autogestor do criador da Legião Urbana.

O que me lembra uma autora que eu conheci na Patuscada.

Na festa de inauguração desta livraria, bar e café da editora Patuá.

Faz mais de um ano.

Ela divulgava seu livro e eu comentei que estava “saindo do armário” como escritora.

E ela disse (infelizmente esqueci seu nome, seu livro de poemas está em uma das minhas caixa de livros)

(Um dia eu conto porque a minha vida quase inteira está em caixas.)

Ela disse que tinha uma diferença entre ser escritora e se organizar como autora.

Que tinha escrito de modo esparso por vários anos, mas que agora,

aposentada como dentista, é que se tornou autora.

Falou da sensação de realização e alívio que é publicar o primeiro livro.

Falou da diferença que é ser mulher também nessa área.

E eu tonta, nunca tinha me dado conta disso,

sempre sentindo que falta algo por fazer,

entre tantas atividades sendo feitas,

sempre inserida na culpa

de não estar fazendo o suficiente.

Ela contou que a Alice Ruiz só começou a publicar mesmo

depois que os filhos cresceram,

porque apesar de ter escrito a vida toda,

tinha os filhos pequenos,

ajudava na organização dos livros do marido e tal,

Eu não fui atrás de confirmar essa informação,

mas me pareceu bem verossímil.

Fiquei com a lição: não adianta só escrever.

É necessário se organizar como autora.

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