Onde está, no Mercado, a sua verdade?

Anotação que é parte do acervo em exposição sobre o Renato Russo em cartaz no Museu de Imagem e Som – SP

 

Eu não planejei fazer um livro de contos só de protagonistas mulheres.

O primeiro projeto que eu mandei para PROAC e até para edital do MinC era um romance.

Mas travei na escrita dele, tanto na forma quanto no tema.

Ou melhor, travei quanto à forma do desenvolvimento do tema.

Então me voltei à prosa curta, como busca por linguagem, por formato.

E é muito audacioso mesmo já querer se colocar no mercado literário com romance.

Livro de contos é um começo digno, o caminho usual.

Daí, quando fui ver, a maioria dos meus contos prontos, começados ou em ideia, eram com mulheres à frente.

E de mulheres em confronto com o que é esperado delas como papel social.

O tema comum surgiu quando pensei na reunião dos textos como livro, não foi pré-planejado.

E essa organização é necessária, mas não acredite em mim, acredite em Renato Russo, justificando-a  de próprio punho na foto desta postagem.

A escrita ou composição criativa vem de forma aleatória é processo livre.

Mas a forma de apresentar não é.

É necessário organizar de forma que o público apreenda e deguste.

Um dia, conversando com Manuela Araújo e Vanessa Farias, amigas e parceiras de escrita, sobre isso de se colocar no mundo com uma obra, trazer público, essa coisa de cantores que se voltam ao público LGBT só vendo-o como mercado etc, etc, etc

a Vanessa, que é também cantora,  comentou que faria diferente seu CD, porque este seu primeiro trabalho tinha músicas de vários estilos “Hoje tô pensando em fazer um estilo só, acho que quem ouve meio que se perde, entende?”

E, principalmente, não dá pra fugir do Deus Mercado.

Mas nós três concordamos em não focar só no mercado, traindo a nossa verdade.

Onde está,  no Mercado, a sua verdade?

 

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