Tenho vivido como crustáceos, na praia,
que ao crescerem, nus, se protegem em conchas
e ficam trocando de conchas…
E as conchas são velhos amigos e velhas verdades,
É o passado, que como casa,
é muito pequeno pra mim.
Olho pra trás,
para os rastros na areia,
e sinto culpa e saudades…
Sei que não caibo mais
naquelas ideias e relacionamentos
mas não os deveria deitar fora,
não está certo…
Hoje tento ser ostra,
e com todas as conchas deixadas
formar uma única concha.
E nunca mais jogar nada fora.
E nunca mais estar nua.
E, principalmente:
deixar pérolas ao mundo
feitas daquilo que me incomoda.
(2005)