Pra que serve a maturidade?

Contei pra minha mãe  (em 1999) que eu me identificava com a Chiquinha Gonzaga.

“Mas como você se sente identificada com ela, se Chiquinha Gonzaga só produziu na maturidade???”

Bom, Nostradamãe, a minha maturidade chegou,

espero que com ela também venha a solução para esta agonia.

Aliás, hoje eu sei a resposta: Mãe,  não  vem à luz na maturidade o que não foi gestado na juventude.

Por que Chiquinha Gonzaga?

Eu também não sabia quem era Chiquinha Gonzaga

até a série da Globo, em 1999, meu exatos 20 anos.

Eu nem fui atrás da biografia da Chiquinha porque se for diferente da série eu não quero saber.

Eu me vi na angústia dela por compor e tocar,

presa a um ambiente que não permitia que ela tocasse e compusesse.

Ou pior, restrita a um círculo social pronto pra bater palmas e

elogiar tudo que ela fizesse como  “bonitinho”.

Lembro-me da cena em que o cara que Chiquinha gostava

(enquanto ela , casada com quem o pai obrigou)

perguntou ao amigo músico, das rodas de lundu,

se Chiquinha, afinal, tocava bem.

E o amigo respondeu que sim, mas que ela, sem treino

e sem com que trocar,

estava perdendo o dom.

É horrível não ter com quem trocar.

É horrível não ter com quem trocar.

É horrível não ter com quem trocar.

(nota inclusive para o dia de hoje:

É horrível não ter interlocutores.

É horrível não ter interlocutores.

– ou pior, ter interlocutores pela metade –

É horrível não ter interlocutores.

É horrível não ter interlocutores.

É horrível não ter interlocutores. )